
Consequências do pai ausente
Qual é o papel específico do pai no núcleo familiar? Para responder a esta intrigante questão, especialmente nos dias atuais, em que a masculinidade e, portanto, também a paternidade, tem sido tão atacadas, começarei avaliando as consequências da NÃO-PATERNIDADE, de forma a inferirmos sobre a importância da paternidade.
A popularização dos contraceptivos iniciou uma avalanche de mudanças nas sociedades ocidentais. A queda do número de filhos foi apenas o começo do que se seguiu: legalização do divórcio, entrada da mulher no mercado de trabalho (terceirizando/abandonando a educação dos filhos), hiper-sexualização da sociedade, e, recentemente, uniões homossexuais e pressões para legalização do aborto. Enquanto, no século passado, uma geração vivia de forma muito parecida com a anterior, nos dias atuais, bastam alguns anos sem sair muito às ruas ou acessar redes sociais/TV para não reconhecer o mundo em que se vive (eu mesmo me escandalizo toda vez que vou a um shopping center).
Todas estas mudanças afetaram amplamente a vida familiar (se é que não fora este o objetivo). O gráfico abaixo mostra, avaliando apenas os últimos anos, a diminuição do número de famílias com filhos (já somos menos de 50 % das famílias) e o crescimento do percentual, tanto de famílias sem filhos (visto que animais de estimação não são considerados filhos pelo IBGE) quanto de famílias mono-parentais (ou seja, mutiladas).
Aviso legal: não julgo aqui nenhum caso particular de família. Cabe a cada um examinar sua consciência diante de Deus e de seus filhos para verificar se lhe cabe a culpa a respeito do abandono do lar. Além disso, geralmente as mulheres que sozinhas criam os filhos são heroicas.
Aviso legal 2: tudo o que for escrito sobre homossexualismo segue a doutrina da Santa Igreja Católica. Não me processem pois não tenho dinheiro, procurem alguém mais rico.
Aviso legal 3: não sei se a sociedade dos pais de pet já pressionou o STF a proibir falar sobre o assunto. De qualquer forma pra evitar processos declaro também que gosto muito dos animaizinhos. s2
Além disso, tenta-se dissolver o conceito de família através dos tais “novos modelos” de família, que nada mais são que paródias satíricas fundadas no pecado. Um dos resultados desta dissolução familiar é a decomposição da figura paterna. O gráfico abaixo mostra a diminuição do número de famílias cuja pessoa de referência é o pai, provando a mudança que argumento aqui.
Drama social
Os dados que vou passar aqui provêm de outros países, contudo, é certo que o mesmo se passa no Brasil visto que a natureza humana se mantém.
Um jovem abandonado pelo pai tem:
- De duas a três vezes mais chances de desenvolver alguma disfunção psicológica/emocional;
- Maior dificuldade de controlar seus impulsos;
- Duas vezes mais chances de abandonar a escola;
- Duas vezes mais chances de ser preso;
Todas as investigações realizadas por sociólogos e psicólogos manifestam claramente a relação entre pessoas que cresceram sem o pai e a delinquência juvenil, homicídio, inadaptação social, vício em drogas, ofensas sexuais graves e etc.
Outra grave consequência deste drama é que os meninos crescidos sem pai (e as consequências da ausência paterna é muito mais grave para os meninos do que para as meninas) dificilmente conseguirão exercer saudavelmente a paternidade (seja ela biológica ou espiritual) e, portanto, o efeito é devastador na sociedade, visto que, como a desordem sexual é um dos efeitos da ausência paterna, tais meninos tendem a engravidar uma ou mais moças (que sem pais também tendem a iniciar a vida sexual mais cedo e fora do casamento) ainda na juventude sem assumir o necessário papel de pai.
Basta ir em qualquer região de periferia que sofre com violência para perceber a característica ausência paterna nos lares. É um processo de realimentação positiva (bola de neve):
- a ausência paterna gera meninos violentos que aumentarão a violência no local;
- a ausência paterna gera meninos e meninas sexualmente desordenados, gerando novas gerações que crescerão sem família estruturada e o ciclo se realimenta e segue de geração em geração.
Portanto, a presença do pai durante o crescimento se revela como um fator fundamental para o controle dos impulsos, o domínio de si mesmo e a empatia (capacidade de entender o sofrimento alheio).
Consequências na imagem de Deus Pai
A crise de paternidade mina a imagem que os homens têm de Deus ao contrário do que defende Sigmund Freud.
Segundo o pai da psicanálise, o homem inventa Deus por projeção à relação dramática e conflituosa com o próprio pai. O que vemos é justamente o contrário: homens cuja relação com o pai é problemática tendem a negar a Deus.
Muitas pessoas se sentem divididas entre as imagens positivas e negativas de sua própria experiência paterna. Este conflito, com desejos tão contraditórios, se pode transpor a Deus Pai através de uma interpretação projetiva. Adolescentes e adultos rejeitam a Deus, a quem haviam aprendido a descobrir durante a infância, porque não conseguem tratar do conflito da imagem paterna. Alguns estão angustiados inconscientemente pela ideia de que Deus possa ser Pai ao ponto de fugir.
Pe. Tony Anatrella
A razão para isto está no princípio fundamental de que o sobrenatural se enraíza no natural: a ordem inferior (natural) é expressão, meio e proteção para a ordem superior. Logo, quando o amor do filho a seu pai terreno se dá de forma saudável, penetra profundamente na vida espiritual e é transferido ao Pai Celeste.
Sociedade sem pais, sociedade sem Deus
Vimos, portanto, que bons pais são figuras cada vez mais raras de se encontrar (imagine pais santos!) e que, os afetos ao pai terreno são transferidos a Deus Pai. Podemos concluir que uma sociedade sem pais tende a ser uma sociedade sem Deus!
Neste breve texto vimos as graves consequências pessoais, sociais e mesmo espirituais da atual crise de paternidade.
A masculinidade sem a adequada paternidade é uma força destrutiva, que pode transformar o mundo em escombros!
E enquanto exista a paternidade não pode haver repetição estéril, nem “igualdade”, nem indivíduos anônimos reduzidos a meros números, nem rebanhos ou hordas selvagens que se inclinem dóceis e ansiosas ante o chicote de um ditador, idolatrando e glorificando a seus próprios carrascos.
José Kentenich
Vejam, pais, quão importante é nossa vocação! Nossa presença firme e carinhosa pode ser a diferença entre a perdição e a salvação de nossos filhos, entre se tornarem pessoas quebradas e serem homens plenos, filhos de Deus, entre uma sociedade escravizada e submissa a ditadores e uma sociedade livre para amar a Deus em que as crianças crescem amadas e protegidas por seus pais e alcancem a plenitude da santidade!
Referências
- Crisis de Paternidade, P. Miguel Ángel Fuentes.
- Educando meninos, James Dobson.
- The Consequences of Fatherlessness.

